sexta-feira, 3 de setembro de 2010

N.W.O. (NEW WORLD ORDER)


Soube há alguns dias que o diretor do canal de TV por assinatura Multishow havia pedido demissão se dizendo frustrado com o nível dos premiados.
Após ler o desabafo de Guilherme Zonta (a matéria deu a entender que foi após a entrega do último prêmio da noite, ali no palco mesmo. Como? O programa não é ao vivo? Alguém gravou isso para eu ver? Mandem link via You Tube por favor), comecei a conjecturar sobre até onde essa coisa do público escolher os vencedores é ou não é verdade. E mais! Até onde deve ser esse limite dado pelos organizadores desses prêmios para que não tenhamos todos os anos os mesmos artistas ou revelações de gosto duvidoso (Cines, Restarts, Fiuks & afins).

Será mesmo que TUDO é uma escolha do público? Não haveria, nos bastidores, uma interferência da emissora, gravadoras (quando estas estão na jogada), empresários das bandas e por aí vai?
É fato: todo mundo gosta de uma teoria da conspiração. Uns mais outros menos. Entretanto, após 17 edições de um prêmio do porte do Multishow, o público começa a se perguntar como alguns artistas estão sempre lá e outros tantos ficam de fora. Parece um questionamento improvável, visto o grau intelectual dos jovens dos dias de hoje.
Só que, a exemplo da justificativa de um dos principais vencedores da noite, vivemos na tal era da internet 2.0. Então deveríamos ter um leque de opções muito maior do que se viu na cerimônia deste e de anos anteriores.
Quando éramos adolescentes, também tínhamos nossa parcela de alienação, passando tardes inetiras jogando video-game com os amigos, nossa maior preocupação era saber qual o filme da "Sessão da Tarde" daquele dia. Porém, nunca deixamos de ter um senso crítico aguçado, além de audácia, para dizer o que era "bom" ou "ruim".
Hoje em dia parece não haver essa preocupação. É tudo muito igual, uma produção em massa do mesmo formato. O rock prefere ser aceito do que constestar, sua verdadeira função.
Fora que a noção desses jovens músicos é balizada em concepções um tanto distorcidas. Afinal, se auto-intitular os "Beatles dos anos 2000" só por ter fãs histéricas aos seus pés e 300 mil seguidores no twitter é (muito) contestável.
Admiro sim, a forma como os novos grupos encontram meios de produzir, divulgar e distribuir seus trabalhos além do formato falido da indústria fonográfica. As possibilidades para consumo de música após a virada do século XXI são uma saudável sacudida nos padrões notadamente obsoletos.
Devemos comemorar essa liberdade. Poder escolher, descobrir novos horizontes, indicar sons que antes pareciam intocáveis, distantes. Tudo ao alcance de um clique.
Todavia, não podemos deixar que essa enxurrada de informação coloque o consumidor na mesma armadilha do antigo formato das grandes gravadoras. Pois, essas infinitas opções são, ao mesmo tempo, sinônimo de liberdade de escolha, mas também permitem dizer o que é joio e o que é trigo.

3 comentários:

Lula disse...

Muito bom!
Abs!
Lula

Anônimo disse...

Muito bom!
Abs!
Lula

claudicante disse...

Noutro dia li algum comentário sobre o prêmio (acho que de algum articulista da UOL) que mencionava que as bandas contratam assessorias e serviços tipos de telemarketing, que ficam plugadas na internet e onde mais for possível votar. Fora os fanclubes, que fazem o mesmo por seus artistas preferidos. Com isso, acabam ganhando. Não que o gosto do povo seja uma maravilha, mas é só pra dizer que de fato há interferência e nem sempre o resultado é, de fato, a voz do povo. Não vale o lema: cada pessoa um voto.
Parabéns pelo seu comentário.