GARÇON! UM GALETO AO MOLHO PARDO POR FAVOR...

E aí pessoal? Como foi o fim de semana? O de Nanda e eu foi bem legal!

Domingo um amigo nosso retornou de férias na Europa e marcamos um chopp no Galeto Mania na Praça Vanhagen, Tijuca. Abaixo segue meu relato dessa noite insólita.

Cena 1 (como diria Veríssimo):

Sentamos à mesa e atrás de nós uma família tipicamente tijucana em uma aperente conversa acalorada. Olho e imagino "Nossa, pessoal tá falando alto...", eis que no meio das vozes ouço o famoso "Repete aí, mermão!" e outras frases de efeito como "Tira a mão de mim!", "Como é que é?!", etc... Aí eu já pensando "Família é foda, sempre rola briga...". Então, eis que de repente, no calor do momento o cidadão no papel de ofendido saca uma pistola (!!!!) no MEIO DO SALÃO! Corre-corre, galera gritando, mulherada desesperada, choro de criança, quase um filme da máfia!

Cena 2:

O ofensor (supostamente) sentado calmamente em sua cadeira com o ofendido de arma em punho e aos berros que ia matar ele ali mesmo. A família do ofendido (supostamente) naquela de "deixa disso". Os garçons nada fazem e nisso, Nanda e eu aproveitamos para fazer como os demais antes de nós: RUN FOR YOUR LIVES!!!!

Já lá embaixo, falo com a marra que me permitem para chamar a polícia (baixinho é folgado sempre, lembrem-se), que aquilo é um absurdo e todo o blablabla de cidadão inconformado. Eis que ouço de um dos garçons que ele não poderia chamar a polícia porque não era o gerente da casa.

Peraí! Então só o gerente que pode chamar a polícia? É que nem no primário que tem que pedir a tia para ir ao banheiro?

Cena 3:

Desce o ofendido e sua (suposta) família com a (suposta) mãe do destinto cavalheiro de honra maculada por terceiros lamentando: - Poxa meu filho, tá vendo? Por que você foi brigar? Agora a gente vai ter que ir para outro lugar e o grupo ficará separado. Você tem que ser mais calmo... - É mole?!

Podemos concluir que:

1. Não seria a primeira vez que o "Júnior" proporciona momentos de tensão em locais públicos
   
2. A "mãe" de Júnior deve ser o mesmo tipo de mãe que passa a mão na cabeça do filho quando ele incendeia um índio dormindo na rua, bate em mulheres no ponto de ônibus por achar que é uma prostituta, como se essas merececem apanhar sem motivo, ou até mesmo se seu filho espanca outros filhos em boates noite afora
   
3. O ofensor deve conhecer "Júnior" de outros carnavais, pois enquanto era ameaçado, continuou calmo em sua cadeira com aquela cara de "Ai saco, de novo!"
   
4. "Júnior" tem estilo, pois a pistola era bonitona! Toda cromada, bem ao estilo gangster-cafetão-gerente-da-boca-do-morro-do-pinto-no-lixo
   
5. E finalmente, "Júnior" é um tremendo bundão! Porque a regra é clara, Galvão! Se vai apelar para o *PU-PU-PU-PUUUXA A PISTOLA! AHA-UHU*, esteja certo que a mesma esteja destravada e com a bala na agulha! Pois o gatilho será puxado!

Agora vocês vejam, estamos realmente à mercê da sorte. Pois todo esse circo aconteceu sem nenhuma intervenção do Estado (ou seria com minúscula?), este designado para manter o status quo.

Apesar desse insight da ficção na vida real, o fim de semana foi ótimo! Espero que o de vocês também.

Trilha sonora ao longo desse post:

The Sisters of Mercy - Lucretia (My Reflection)