terça-feira, 12 de agosto de 2008

QUE VERGONHA!



Espírito Olímpico:
Vimos na sexta-feira a abertura do vigésimo sexto Jogos Olímpicos da Era Moderna em Pequim, China. Abertura esta muito bonita (como sempre), organizada e bastante criativa, maior medo do comitê olímpico Chinês, que queria uma festa que honrasse a tradição de seu povo de cultura milenar.
Esta Olimpíada também foi marcada por inúmeros protestos da comunidade internacional. Desde que Pequim não oferecia estrutura; para um evento desse porte, como altos índices de poluição, trânsito caótico; até apelos pelos direitos humanos naquele país e outras acusações, como comprar petróleo do Sudão e fazendo vista grossa para o conflito que acontece na região de Darfur, norte do país africano.
E é desse assunto em particular que farei menção neste momento, pois tal crítica partiu dos EUA, aquele país que invadiu o Iraque sob o pretexto de livrar seu povo da tirania de Saddam Hussein e o mundo da ameaça de armas de destruição em massa, estas nunca encontradas por sinal. O mais engraçado que tanto os EUA quanto a comunidade internacional nada fazem para impedir atos deliberados de George W. Bush sob a desculpa de “combater o terrorismo” quando na verdade os “argumentos” são outros, muito mais intere$$antes do que apenas salvar mulheres e crianças do massacre em algum país africano. Inclusive na abertura dos jogos, houve espaço para Washington dar uma alfinetada nos anfitriões da casa, colocando um atleta de origem sudanesa, recém-naturalizado estadunidense (sic), para levar a bandeira americana. Mas ainda bem que mesmo assim não comprometeu os ânimos na hora (por hora).


Enquanto isso na Ossétia do Sul:
Se alguns apenas alfinetam, outros são mais cínicos e covardes. Todos viram pela TV o primeiro-ministro Russo Vladimir Putin todo orgulhoso de seu país desfilando e comparecendo a mais uma Olimpíada, só que enquanto os olhos do mundo estavam em Pequim, Putin aproveitou para garantir a segurança de cidadãos russos na região da Ossétia do Sul, território da ex-república soviética da Geórgia, que apesar de pertencer à Geórgia, é considerado território autônomo com apoio de Moscou. Lá com certeza vivem muitos russos, não se discute, só que “garantir a segurança” dos mesmos não é bem o termo.
Com tropas muito melhor treinadas e bem equipadas, a Rússia invadiu a região que pede independência para se juntar a Ossétia, a do norte, e com isso combates sangrentos atingiram a população civil. E quem disse que com isso era para cessar-fogo? Moscou continuou a ofensiva com massivo bombardeio das linhas inimigas e bairros residenciais da região.
A Geórgia diante da crise cogitou a retirada da equipe olímpica dos jogos em Pequim, para que os atletas retornassem imediatamente para reforçar as linhas de defesa. Diplomatas da França e Finlândia foram à região avaliar o conflito e mediar as negociações de paz entre os dois países, fora os apelos dos EUA (de novo eles) que tem na Geórgia um de seus aliados na guerra no Iraque e na região do Mar-Negro.
Domingo a Geórgia aceitou um cessa-fogo unilateral e somente hoje Moscou disse aceitar as condições do vizinho para a retirada das tropas.


Considerações Finais:
Nem mesmo o espírito lúdico dos esportes, da confraternização e união entre os povos que a Olimpíada se propunha é respeitado. Também concordemos que desde muito tempo os Jogos Olímpicos deixaram de ter essa conotação, tornando-se mais uma peça de negociação política e brigas ideológicas, contudo havia certa concordância de que durante aquele período de competições, as rusgas ficariam apenas no campo das palavras, do disse-me-disse, da falácia pura e simples do que realmente aproveitar-se de uma distração geral e comandar guerras uns contra os outros.
Até por que, assim como nos jogos, a guerra tem seus códigos e regras, ela possui uma conduta e o que vimos foi um espetáculo de covardia contra a população civil, contra aqueles que nada têm a ver com as diferenças de seus governantes e mais uma vez pagam com suas vidas as pirraças de crianças que brincam de banco imobiliário.

Um comentário:

Helio Furtado Costa disse...

Eles não bricam de Banco Imobiliário! Bricam de War, rapaz...

Muito boa essa, hein?