quinta-feira, 17 de maio de 2012

Declare guerra!


Como produtor e jornalista que acompanha notícias do mercado musical, sempre tive minhas dúvidas com relação o quanto a Indústria Fonográfica lamentava suas perdas desde a revolução do Napster. 
Desde que o suporte físico não seria mais essencial ao consumo de música, e todos os esforços para parar que álbuns vazassem na rede, não se parou de lançar novos trabalhos com estes mesmos suportes. Muito pelo contrário, até o bom e velho vinil voltou como opção ao mercado, principalmente para colecionadores. No meio desse fogo cruzado entre os que defendiam o compartilhamento livre e as gravadoras (estas alegando perdas ao ponto de não lançar novos títulos) ficou o consumidor.
Para engrossar o coro, artistas dessas mesmas gravadoras foram a público, de pires na mão, apontando o dedo para um grupo de pessoas, dizendo que eles estavam "matando a música". Tal postura só fez com que os consumidores em geral se sentissem acusados de um crime que não cometeram, respondendo que a culpa não pode ser deles e as gravadoras é que deveriam ter acompanhado os avanços tecnológicos.
Verdade, se alguém nessa briga empurrou o problema com a barriga, foram as próprias gravadoras, acreditando que, no momento decisivo, teriam o apoio não só da Justiça, mas de toda a sociedade a seu favor. Ledo engano, ficaram sozinhas como corporações gananciosas que não se preocupam com o propósito de seu negócio: a música. Para piorar, artistas de outrora passaram a ver benefícios no compartilhamento de arquivos. O Metallica, por exemplo. Antes a banda foi a grande vilã, chegando a liderar o processo contra o Napster, e hoje tem em seu site oficial um link dedicado à venda de material exclusivo via internet.

As grandes gravadoras deveriam prestar melhor atenção ao impacto que o vazamento de trabalhos antes de sua data oficial causam na rede. É isso que o estudo noticiado no Estadão apresenta. Se as impressões sobre o novo trabalho forem positivas, o vazamento deste serve apenas de termômetro para que, quando lançado, o público vá atrás do original, no caso, em CD ou o suporte físico que for.

Essa discussão ainda não terminou, gravadoras continuarão a defender os seus interesses, o que é compreensível. Entretanto, vozes que questionam através de estudos sérios sobre o quão maléficos os downloads ilegais afetam a indústria fonográfica serão sempre bem-vindos.

3 comentários:

Marina disse...

E aquela história dos músicos receberem uma titica da venda de CDs... Vero? Exceto os dependentes...

Unknown disse...

Marina, os percentuais de vendas dos discos costumam ser pequenos. O artista mesmo ganha dinheiro fazendo show. Claro que campeões de vendas como Roberto Carlos ou Zezé Di Camargo & Luciano ganham também vendendo discos, afinal, eles vendem muito. Mas só por isso, se for ver, suas parcelas referentes à vendas são pequenas.
No caso dos independentes a receita gerada na venda dos discos vai direto para ele, desde que ele seja a própria gravadora que lança o trabalho. Se ele é independente, mas lança seu trabalho através de um selo, mesmo que fora do grande circuito, volta ao que expliquei no início. Resumindo: fazer shows é onde o artista tira mesmo o seu ganha pão.

Alexandre disse...

O negócio é que a divulgação da música e da banda são bom negócio mesmo quando não é oficial e controlado pelos artistas. Hoje, o que dá dinheiro é show. E só faz show quem tem público. E tem público quem se torna público.